José Ferreira da Silva, conhecido como Frei Chico, irmão mais velho do presidente Lula e vice-presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados (Sindnapi), viu seu nome emergir nas investigações da Operação Sem Desconto, que apura desvios bilionários no INSS. Aos 83 anos, o histórico sindicalista – peça fundamental na formação política do presidente – agora se vê envolvido indiretamente no maior escândalo da previdência dos últimos anos.
O elo entre Lula e o movimento sindical
Natural de Caetés (PE), Frei Chico foi o pioneiro da família Silva na migração para São Paulo. Como metalúrgico nos anos 1960, introduziu o irmão Lula nas reuniões do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo – gesto que plantou as sementes da carreira presidencial. “Foi ele quem me mostrou o caminho da organização trabalhista”, reconheceu Lula em diversas ocasiões. Durante a ditadura militar, sua militância no PCB levou a prisões e torturas pelo DOI-CODI em 1975, episódio que radicalizou a postura política de ambos.
O sindicato sob investigação
Como vice-presidente do Sindnapi (uma das 11 entidades alvo da PF), Frei Chico nega irregularidades: “Já fomos auditados e não devemos nada”. A operação revelou que o esquema descontava ilegalmente mensalidades de aposentados desde 2016, muitas mediante falsificações. Embora não seja investigado diretamente, sua posição na entidade reacendeu memórias de 2016, quando foi absolvido em processos da Lava Jato sobre viagens ao Panamá – decisão mantida pelo TRF-3.
O resolvedor familiar nos holofotes
Conhecido por solucionar crises da família longe das câmeras – como quando intermediou tratamento médico para o meio-irmão Lulinha em 2012 -, Frei Chico agora enfrenta um desafio diferente. Seu sindicato é acusado de integrar uma rede que pode ter desviado R$ 8 bilhões. Para o governo, o timing é delicado: enquanto Lula tenta recuperar a credibilidade do INSS, a associação do irmão ao caso oferece nova abertura para críticas da oposição.