O governo brasileiro foi surpreendido com a operação dos Estados Unidos que retirou opositores do presidente venezuelano Nicolás Maduro da embaixada da Argentina em Caracas. A ação, revelada nesta terça-feira (6) pelo secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, ocorreu sem o conhecimento prévio do Itamaraty.
Desde a expulsão dos diplomatas argentinos da Venezuela, após o governo Milei não reconhecer a reeleição de Maduro em 2024, a embaixada da Argentina está sob responsabilidade do Brasil — conforme prevê a Convenção de Viena sobre relações diplomáticas e consulares.
O Itamaraty confirmou que os opositores retirados estão em segurança, mas afirmou que não foi informado antecipadamente sobre a operação nem participou de sua organização. Diplomatas brasileiros relataram, em caráter reservado, que a estratégia do Brasil sempre foi buscar uma saída legal por meio de salvo-condutos, o que o governo venezuelano se recusou a conceder.
As circunstâncias exatas da retirada ainda não foram esclarecidas. Fontes do Itamaraty apontaram que a embaixada está cercada por forças de segurança venezuelanas, o que torna a operação ainda mais complexa e delicada do ponto de vista diplomático.
Repercussão internacional
Marco Rubio comemorou a ação em uma rede social, classificando-a como o “resgate bem-sucedido de reféns mantidos pelo regime de Maduro”. Já o presidente da Argentina, Javier Milei, chamou a operação de “extração”, indicando que foi conduzida sem autorização do governo venezuelano.
Relação Lula-Maduro desgastada
As relações entre Brasil e Venezuela também passam por um momento de distanciamento. Apesar da retomada diplomática entre os dois países durante o terceiro mandato de Lula, a crise política venezuelana voltou a gerar tensões. Lula, assim como outros líderes internacionais, solicitou transparência nas eleições, exigindo a divulgação das atas eleitorais — o que desagradou Maduro.
O Brasil, por ora, não reconheceu oficialmente o resultado das eleições de 2024, nem a vitória de Maduro, nem a da oposição liderada por Edmundo González. O posicionamento do governo brasileiro tem sido o de reconhecer o Estado venezuelano, sem tomar partido direto na disputa política.
O Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela afirma que Maduro foi reeleito, mesmo sem a divulgação das atas eleitorais. A oposição alega que esses documentos comprovariam a vitória de González.