Foto: Reprodução/X/@DerriteSP
Na manhã desta terça-feira (13), a tradicional cena da Cracolândia, localizada na Rua dos Protestantes, no centro da capital paulista, surpreendeu ao aparecer vazia. A dispersão dos usuários ocorre após declarações do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), que garantiu estar enfrentando o problema com ações inéditas e firmou o compromisso de que “a Cracolândia vai acabar”.
Apesar da ausência de usuários no local, relatos de moradores de diversos pontos da cidade, como Bom Retiro, Praça Marechal Deodoro e até bairros periféricos como Jardim Ângela e Vila Medeiros, indicam que o chamado “fluxo” apenas se espalhou. Estima-se que na Marechal Deodoro, por exemplo, cerca de 500 pessoas ocupem o espaço durante a madrugada.
Dependentes químicos relataram que têm sofrido repressão intensificada por parte da Guarda Civil Metropolitana (GCM), especialmente pela Inspetoria de Operações Especiais (IOPE). As denúncias incluem agressões, apreensões de itens pessoais — como documentos, alimentos e roupas — e até remoções forçadas. Usuários afirmam estar sendo levados, contra a vontade, em vans para regiões mais afastadas da cidade e até para outros municípios, como Campinas e Santos.
Embora a administração municipal tenha divulgado, em suas redes sociais, que a dispersão é fruto de um trabalho planejado desde 2021, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) declarou que a súbita ausência de usuários na região central o pegou de surpresa. A prefeitura afirma que tem ampliado abordagens e acolhimentos, mas não se pronunciou até o momento sobre as denúncias de violência e remoção forçada.
Para especialistas e profissionais que atuam diretamente com a população de rua, o problema não foi resolvido — apenas deslocado. O desaparecimento da Cracolândia, ao menos em sua localização tradicional, não representa a erradicação do uso de drogas ou da situação de vulnerabilidade dessas pessoas, mas sim uma mudança de endereço do problema.